O brasileiro Begoleã Fernandes, de 26 anos, preso no aeroporto de Lisboa, em Portugal, na segunda-feira (27), suspeito de matar o também brasileiro Alan Lopes, confessou o crime em um áudio enviado a um amigo. Na gravação, o homem, que morava em Amsterdã, Holanda, disse que a vítima era canibal e planejava comê-lo, então ele agiu em legítima defesa.
O conteúdo da mensagem foi revelado pela irmã de Alan, Kamila dos Anjos, ao jornal O Globo. Na ocasião, além de assumir o suposto assassinato, Begoleã também teria pedido dinheiro ao colega, visando reunir recursos para deixar os Países Baixos.
No áudio, o suspeito conta que foi convidado para um churrasco na casa da vítima, mas por suspeitar do homem, acabou levando uma faca para o local. A arma teria sido usada por ele para supostamente se defender. As gravações foram entregues as autoridades holandesas, que investigam o homicídio.
A possibilidade de Alan consumir carne humana é refutada pela familiar, que residia com ele e a mãe na Holanda, há cerca de 7 anos. No dia do crime, as duas mulheres haviam viajado para a França.
"Está confuso para todos nós essa história de canibalismo. Ainda mais vindo do meu irmão, não tem lógica", disse Kamila ao O Globo.
Brasileiro era amigo da vítima
A irmã do brasileiro relatou que Begoleã era amigo de Alan há anos e era abrigado pelo jovem, pois não tinha onde morar no país europeu.
"Essa pessoa [Begoleã] é amigo de dois, três anos, do meu irmão. Meu irmão abrigava ele, já que ele não tinha casa, moradia. Meu irmão ajudava muito ele. E, infelizmente, foi assim que ele retribuiu", detalhou.
Ainda conforme a familiar, a vítima chegou a doar roupas para o suspeito, que atualmente lhe devia dinheiro.
Segundo a imprensa portuguesa, Begoleã chegou a falar aos agentes do Serviço de Emigração e Fronteiras (SEF) de Portugal que Alan tentou cobrar o dinheiro antes do crime. No entanto, o suspeito também falou sobre "canibalismo" no momento em que foi detido.
"Em outro áudio, ele fala que meu irmão matava as pessoas e levava para o açougue, onde meu irmão trabalhava. Isso é uma loucura. Meu irmão não tinha acesso nenhum ao açougue fora do horário de trabalho. Do jeito que ele entrava ele saia: com o dono abrindo e fechando a loja. Não tem lógica falar uma coisa dessas", disse Kamila.
Preso com carne suspeita
Begoleã foi detido na segunda-feira quando desembarcou em Lisboa, Portugal, em um avião que saiu da Holanda. No momento da prisão, ele seguia para embarcar em outra aeronave, com destino a cidade de Confins, município de Minas Gerais, estado de onde é natural, mas foi impedido pelo Serviço de Emigração e Fronteiras (SEF).
Os agentes identificaram que o brasileiro usava um documento italiano falso. Posteriormente, eles descobriram que o homem havia um mandado de prisão em seu nome emitido pelas autoridades dos Países Baixos.
Segundo o SEF, Begoleã será extraditado de volta para a Holanda.
Na bagagem transportada pelo homem, foi encontrada uma embalagem de plástico contendo carne, da qual não foi possível determinar a origem. As autoridades portuguesas enviaram o material para análise.
Apesar das hipóteses de que a carne poderia ser humana, a família de Alan afirma que não se trata da carne dele, já que o corpo está intacto, conforme a polícia holandesa.
Nesta quinta-feira (2), quando o corpo for liberado, os parentes da vítima acreditam que devem receber novidades sobre o caso. A defesa e família de Begoleã ainda não se manifestou sobre o caso.
Vizinhos ouviram briga na casa da vítima
A irmã de Alan ainda relatou à publicação que vizinhos contaram terem ouvido "barulho de briga" vindos da residência dela e do irmão no domingo (26). No entanto, o som logo teria cessado. No mesmo dia, Begoleã enviou uma mensagem de áudio a outro amigo pedindo dinheiro e afirmando que Alan era canibal.
No dia anterior, sábado (25), Kamila e a mãe viajaram para França e a vítima decidiu chamar alguns amigos para casa, incluindo o suspeito.
Depois, cerca de oito conhecidos dos brasileiros decidiram ir até o endereço. Eles tentaram arrombar a porta do imóvel, mas não obtiveram sucesso e acionaram a Polícia.
"A porta fica de frente para uma escada. No momento em foram subir, falaram: 'Eu vejo sangue'. Na hora de fazer a curvinha da escada, um amigo disse que a polícia já saiu correndo, falando que tinha um corpo", disse Kamila.
Diário do Nordeste