Apesar de a vacina ser gratuita e estar disponĂvel no Sistema Ănico de SaĂșde (SUS), os meninos não procuravam se imunizar", destacou, nesta segunda-feira (4), em entrevista à AgĂȘncia Brasil, o presidente da entidade, Alfredo Canalini.
A infecção pelo HPV é uma infecção sexualmente transmissĂvel (IST). Dois tipos de HPV (16 e 18) causam 70% dos cânceres do colo do Ăștero e lesões pré-cancerosas.
Em paralelo, os urologistas da SBU analisaram os nĂșmeros de atendimento na saĂșde pĂșblica de meninos e meninas, na faixa etĂĄria de 12 a 18 anos. "E observamos que o nĂșmero de meninas que se consultam na rede pĂșblica é 18 vezes maior que o de meninos", informou Canalini.
Outra pesquisa, feita sobre sexualidade, para descobrir como o adolescente se informa sobre o tema, revelou que essa informação não era obtida por uma fonte segura, na maioria das vezes. "Nem era com o professor na escola, nem dentro de casa. Parece que a conversa com os meninos acaba ficando meio tabu. Então, os meninos ou se informam com os garotos mais velhos, o que nem sempre é uma troca de informações verdadeiras; na maioria das vezes, são informações equivocadas, ou se informa pela internet, que é pior ainda", expôs o médico.
Segundo afiançou Alfredo Canalini, a SBU tem o dever de conscientizar as pessoas que não é assim que se lida com a saĂșde dos meninos. "Porque isso é um ato que começa a se prolongar ao longo da vida. O próprio homem adulto só procura o médico quando estĂĄ sentindo alguma coisa. E quando o sintoma aparece, muitas vezes jĂĄ é uma doença que estĂĄ avançada".
A campanha #VemProUro estĂĄ muito focada neste ano na questão da sexualidade, da contracepção, no uso de drogas. O urologista ponderou a que a liberação do uso da maconha, por exemplo, tem que ser muito bem discutida, até para que os adolescentes possam fazer as suas opções, se eles querem aquilo ou não. Informação é tudo".
O mesmo se aplica ao cigarro, apontou Canalini. JĂĄ existem evidĂȘncias de que o cigarro dĂĄ câncer. Mas as pessoas tĂȘm de ser informadas sobre os riscos a que estão se expondo pelo uso do tabaco e seus derivados. Em relação ao cigarro, por exemplo, o relatório Covitel2, lançado em junho deste ano, que monitora os fatores de risco para doenças crônicas no Brasil, aponta que a maior prevalĂȘncia de experimentação do cigarro eletrônico ocorre entre os jovens de 18 a 24 anos, com 23,9% no primeiro trimestre de 2023. No primeiro trimestre do ano passado, a taxa nessa faixa etĂĄria era mais baixa (19,7%).
A SBU lembra que a venda de cigarro eletrônico no Brasil é proibida e que, apesar disso, o dispositivo tem se popularizado entre os jovens que, muitas vezes, desconhecem os seus malefĂcios."São temas importantes e tĂȘm de ser trazidos à tona, que educam o menino para toda uma atitude de saĂșde e cuidar do próprio organismo". Chamou a atenção que, atualmente, estĂĄ se vendo muito menino novo se tornando pai, sem que estejam emocionalmente nem financeiramente preparados para isso. "Não tĂȘm maturidade para arcar com a obrigação, nem com a beleza da paternidade. É uma oportunidade que se perde".
O presidente da SBU apontou que essa deficiĂȘncia é cultural, porque os pais também não se cuidam e, por isso, muitas vezes, não se preocupam em levar os filhos a cuidarem da saĂșde. Ao contrĂĄrio das mulheres que levam as filhas, ao entrarem na puberdade, no ginecologista para fazer exames e se informar, o mesmo não acontece com o pai em relação ao filho. "O homem não tem esse cuidado, começando pela higiene do órgão genital. HĂĄ pais que se preocupam com a saĂșde dos filhos em termos de imunização, mas não vĂȘ como o filho estĂĄ urinando, se estĂĄ lavando direito o pĂȘnis". A falta de higiene é uma das causas do câncer de pĂȘnis que tem levado muitos homens à amputação do membro. A SBU defende a importância de se criar no homem, desde a adolescĂȘncia, a cultura da prevenção de doenças e da rotina de ir ao médico para prevenir e evitar problemas, como as mulheres jĂĄ fazem tradicionalmente.
Durante todo o mĂȘs de setembro, a SBU vai abordar em seu canal nas redes sociais Instagram, Facebook e TikTok (@portaldaurologia) temas em linguagem pertinente à faixa etĂĄria em vĂdeos e 'lives'. No próximo dia 11, às 20h, especialistas se reunirão no Instagram para abordar "Álcool e cigarro eletrônico na adolescĂȘncia". JĂĄ no dia 25, no mesmo horĂĄrio, o tema serĂĄ "Sexualidade na adolescĂȘncia".
De acordo com a SBU, outro problema que ameaça os jovens são as infecções sexualmente transmissĂveis (ISTs), que exigem o uso de preservativos nas relações sexuais e a volta do conceito do sexo seguro. Pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e EstatĂstica (IBGE), em 2022, revela que no perĂodo de 2009 a 2019, o percentual de escolares que usaram preservativo na Ășltima relação sexual caiu de 69,1% para 53,5% entre as meninas e de 74,1% para 62,8% entre os meninos. Alfredo Canalini afirmou que, sem proteção, os jovens ficam suscetĂveis a infecções como a gonorreia e a clamĂdia que podem causar infertilidade, ao HPV que é fator de risco para o câncer, à sĂfilis que, se não tratada, pode gerar problemas cardĂacos e neurológicos, ao HIV, a herpes, entre outras doenças.
Os meninos e meninas adolescentes de hoje não vivenciaram a pandemia de HIV/Aids, na década de 1980. Naquela época, o Ministério da SaĂșde se empenhou na divulgação do uso de preservativo para evitar a contaminação pelo vĂrus. Canalini defendeu que essas campanhas tĂȘm de voltar para conscientização do sexo seguro, diante do aumento que se percebe das infecções sexualmente transmissĂveis, como HPV, hepatites, sĂfilis. "E, junto com isso, vai a questão da paternidade responsĂĄvel", indicou.
Entre as dĂșvidas que o adolescente pode tirar em uma consulta estão prevenção a Infecções sexualmente transmissĂveis; câncer de testĂculo; inflamação na cabeça do pĂȘnis e prepĂșcio; fimose; ejaculação precoce; veias dilatadas nos testĂculos, ou varicocele; efeitos de anabolizantes; atraso da puberdade; tamanho do pĂȘnis; vacinação; paternidade responsĂĄvel e prevenção de gravidez indesejada; orientações a respeito do inĂcio da vida sexual. (Alana Gandra)
Fonte: AgĂȘncia Brasil