SaĂșde

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Campanha VemProUro convoca adolescentes a cuidar da saúde

A sexta edição da campanha #VemProUro, promovida pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) em setembro, começou a mostrar importância quando a entidade se deparou com uma série de dificuldades de trazer os adolescentes para um cuidado maior com a sua saúde.

Por Globo Cariri 05/09/2023 às 08:26:56

A sexta edição da campanha #VemProUro, promovida pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) em setembro, começou a mostrar importância quando a entidade se deparou com uma série de dificuldades de trazer os adolescentes para um cuidado maior com a sua saĂșde. "Isso ficou extremamente evidente quando nós começamos a comparar os Ă­ndices de vacinação contra o HPV, que era muito maior nas meninas do que nos meninos.

Apesar de a vacina ser gratuita e estar disponĂ­vel no Sistema Único de SaĂșde (SUS), os meninos não procuravam se imunizar", destacou, nesta segunda-feira (4), em entrevista à AgĂȘncia Brasil, o presidente da entidade, Alfredo Canalini.

A vacina contra o HPV se destina a meninos e meninas de 9 a 14 anos. Mas a adesão ainda é baixa. Entre os meninos, a taxa de vacinação da primeira dose é de 52% e, da segunda dose, 36%, enquanto a meta recomendada é 95%. O HPV - sigla em inglĂȘs para PapilomavĂ­rus Humano - é um vĂ­rus que infecta pele ou mucosas das ĂĄreas oral, genital ou anal, tanto de homens quanto de mulheres, provocando verrugas anogenitais e câncer, dependendo do tipo de vĂ­rus.

A infecção pelo HPV é uma infecção sexualmente transmissĂ­vel (IST). Dois tipos de HPV (16 e 18) causam 70% dos cânceres do colo do Ăștero e lesões pré-cancerosas.

Em paralelo, os urologistas da SBU analisaram os nĂșmeros de atendimento na saĂșde pĂșblica de meninos e meninas, na faixa etĂĄria de 12 a 18 anos. "E observamos que o nĂșmero de meninas que se consultam na rede pĂșblica é 18 vezes maior que o de meninos", informou Canalini.

Sexualidade

Outra pesquisa, feita sobre sexualidade, para descobrir como o adolescente se informa sobre o tema, revelou que essa informação não era obtida por uma fonte segura, na maioria das vezes. "Nem era com o professor na escola, nem dentro de casa. Parece que a conversa com os meninos acaba ficando meio tabu. Então, os meninos ou se informam com os garotos mais velhos, o que nem sempre é uma troca de informações verdadeiras; na maioria das vezes, são informações equivocadas, ou se informa pela internet, que é pior ainda", expôs o médico.

Segundo afiançou Alfredo Canalini, a SBU tem o dever de conscientizar as pessoas que não é assim que se lida com a saĂșde dos meninos. "Porque isso é um ato que começa a se prolongar ao longo da vida. O próprio homem adulto só procura o médico quando estĂĄ sentindo alguma coisa. E quando o sintoma aparece, muitas vezes jĂĄ é uma doença que estĂĄ avançada".

A campanha #VemProUro estĂĄ muito focada neste ano na questão da sexualidade, da contracepção, no uso de drogas. O urologista ponderou a que a liberação do uso da maconha, por exemplo, tem que ser muito bem discutida, até para que os adolescentes possam fazer as suas opções, se eles querem aquilo ou não. Informação é tudo".

O mesmo se aplica ao cigarro, apontou Canalini. JĂĄ existem evidĂȘncias de que o cigarro dĂĄ câncer. Mas as pessoas tĂȘm de ser informadas sobre os riscos a que estão se expondo pelo uso do tabaco e seus derivados. Em relação ao cigarro, por exemplo, o relatório Covitel2, lançado em junho deste ano, que monitora os fatores de risco para doenças crônicas no Brasil, aponta que a maior prevalĂȘncia de experimentação do cigarro eletrônico ocorre entre os jovens de 18 a 24 anos, com 23,9% no primeiro trimestre de 2023. No primeiro trimestre do ano passado, a taxa nessa faixa etĂĄria era mais baixa (19,7%).

A SBU lembra que a venda de cigarro eletrônico no Brasil é proibida e que, apesar disso, o dispositivo tem se popularizado entre os jovens que, muitas vezes, desconhecem os seus malefĂ­cios."São temas importantes e tĂȘm de ser trazidos à tona, que educam o menino para toda uma atitude de saĂșde e cuidar do próprio organismo". Chamou a atenção que, atualmente, estĂĄ se vendo muito menino novo se tornando pai, sem que estejam emocionalmente nem financeiramente preparados para isso. "Não tĂȘm maturidade para arcar com a obrigação, nem com a beleza da paternidade. É uma oportunidade que se perde".

Cultura

O presidente da SBU apontou que essa deficiĂȘncia é cultural, porque os pais também não se cuidam e, por isso, muitas vezes, não se preocupam em levar os filhos a cuidarem da saĂșde. Ao contrĂĄrio das mulheres que levam as filhas, ao entrarem na puberdade, no ginecologista para fazer exames e se informar, o mesmo não acontece com o pai em relação ao filho. "O homem não tem esse cuidado, começando pela higiene do órgão genital. HĂĄ pais que se preocupam com a saĂșde dos filhos em termos de imunização, mas não vĂȘ como o filho estĂĄ urinando, se estĂĄ lavando direito o pĂȘnis". A falta de higiene é uma das causas do câncer de pĂȘnis que tem levado muitos homens à amputação do membro. A SBU defende a importância de se criar no homem, desde a adolescĂȘncia, a cultura da prevenção de doenças e da rotina de ir ao médico para prevenir e evitar problemas, como as mulheres jĂĄ fazem tradicionalmente.

Durante todo o mĂȘs de setembro, a SBU vai abordar em seu canal nas redes sociais Instagram, Facebook e TikTok (@portaldaurologia) temas em linguagem pertinente à faixa etĂĄria em vĂ­deos e 'lives'. No próximo dia 11, às 20h, especialistas se reunirão no Instagram para abordar "Álcool e cigarro eletrônico na adolescĂȘncia". JĂĄ no dia 25, no mesmo horĂĄrio, o tema serĂĄ "Sexualidade na adolescĂȘncia".

Infecções

De acordo com a SBU, outro problema que ameaça os jovens são as infecções sexualmente transmissĂ­veis (ISTs), que exigem o uso de preservativos nas relações sexuais e a volta do conceito do sexo seguro. Pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e EstatĂ­stica (IBGE), em 2022, revela que no perĂ­odo de 2009 a 2019, o percentual de escolares que usaram preservativo na Ășltima relação sexual caiu de 69,1% para 53,5% entre as meninas e de 74,1% para 62,8% entre os meninos. Alfredo Canalini afirmou que, sem proteção, os jovens ficam suscetĂ­veis a infecções como a gonorreia e a clamĂ­dia que podem causar infertilidade, ao HPV que é fator de risco para o câncer, à sĂ­filis que, se não tratada, pode gerar problemas cardĂ­acos e neurológicos, ao HIV, a herpes, entre outras doenças.

Os meninos e meninas adolescentes de hoje não vivenciaram a pandemia de HIV/Aids, na década de 1980. Naquela época, o Ministério da SaĂșde se empenhou na divulgação do uso de preservativo para evitar a contaminação pelo vĂ­rus. Canalini defendeu que essas campanhas tĂȘm de voltar para conscientização do sexo seguro, diante do aumento que se percebe das infecções sexualmente transmissĂ­veis, como HPV, hepatites, sĂ­filis. "E, junto com isso, vai a questão da paternidade responsĂĄvel", indicou.

Entre as dĂșvidas que o adolescente pode tirar em uma consulta estão prevenção a Infecções sexualmente transmissĂ­veis; câncer de testĂ­culo; inflamação na cabeça do pĂȘnis e prepĂșcio; fimose; ejaculação precoce; veias dilatadas nos testĂ­culos, ou varicocele; efeitos de anabolizantes; atraso da puberdade; tamanho do pĂȘnis; vacinação; paternidade responsĂĄvel e prevenção de gravidez indesejada; orientações a respeito do inĂ­cio da vida sexual. (Alana Gandra)

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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