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Drones flagram criminosos aprendendo técnicas de guerrilha e combate no Complexo da Maré; veja fotos

Investigação da Polícia Civil identificou que grupos de traficantes e de milicianos ensinam aos membros técnicas semelhantes às usadas por forças de segurança

Por Globo Cariri 25/09/2023 às 10:04:38

Reprodução

Criminosos que atuam no Complexo da Maré, um dos maiores conjuntos de comunidades do Rio de Janeiro, oferecem treinamento, com técnicas de guerrilha, aos membros de grupos organizados, de traficantes e de milicianos, que atuam na região. A descoberta foi realizada por uma investigação da Polícia Civil, e divulgada pelo 'Fantástico' nesse domingo (24).

A apuração, que durou cerca de dois anos, colheu centenas de horas em imagens da área usando drones, que registraram as quadrilhas preparando os integrantes para o combate. Nas gravações, obtidas pela TV Globo, é possível observar que os indivíduos são ensinados, por exemplo, a como se locomover portando armas de grande, como fuzis.

Os exercícios de treinamento são ministrados em um local próximo a um centro de lazer do bairro, vizinho a uma creche e cinco escolas. A escolha pelo local é estratégico, segundo as autoridades.

O momento que eles ficam próximos das escolas, eles ficam mais protegidos, já que a Polícia vai ter maior dificuldade e até certo impedimento de atuar nessas regiões. A Polícia não quer que nenhum inocente, principalmente criança, sofra um mal causado por esses traficantes", detalha o delegado Hilton Alonson, ao programa.


Legenda: Área de lazer seria de uso exclusivo dos criminosos, segundo a Polícia Civil

Foto: reprodução/TV Globo

Em uma das imagens capturadas pelos drones, é possível observar que dois instrutores ensinam grupos de 15 e 20 indivíduos, armados com fuzis, práticas semelhantes às aprendidas por forças de segurança.

Conforme a reportagem, os criminosos realizam uma rotina de exercícios físicos, com técnicas de progressão em terrenos conflagrados, reação a emboscadas, deslocamento no escuro e simulação com explosões de bombas.

Legenda: Suspeitos recebem treinamento com simulação de explosões de bombas

Foto: reprodução/TV Globo

O aprimoramento dos membros de grupos de traficantes e de milicianos pode resultar no aumento da violência, analisou o comandante do Batalhão da Polícia Militar na Maré que integra a análise de violência da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Robson Rodrigues.

"Isso acaba escalando os níveis de violência porque você porque, para lidar com as forças de segurança e, muitas vezes, as mais treinadas como Core (Coordenadoria de Recursos Especiais) e Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais), você investe em determinado tipo de treinamento. Como resposta, a segurança pública também investe em mais treinamento, mais arma, mais guerra. Isso não vai solucionar um problema", explicou ao 'Fantástico'.


Legenda: Indivíduos aprendem a se deslocar no escuro

Foto: reprodução/TV Globo

'Toda semana é um morto'

O Complexo da Maré é apontado como sendo um centro de distribuição de armas e de drogas para diversos pontos da cidade do Rio de Janeiro. No conjunto de comunidades, como relata um morador, são os grupos criminosos quem controlam o local.

Eles que impõem a lei. Toda semana é um morto", diz um residente, que não quis se identificar.

"Eles matam mesmo. Se eles não forem com a cara deles, eles matam. Para botar uma barraca na feira tem que pagar. Se você quiser vender um salgadinho na rua, tem que pagar. Se não pagar, eles tomam, entendeu? Tudo lá é sobre isso", conta outro.

Na atual investigação, a Polícia Civil identificou 1.125 pessoas que integram organizações de traficantes e de milicianos que dominam o complexo. Todos foram indiciados.

"A nossa prioridade ali era identificação dos elementos, qualificar, fazer todo organograma dessa quadrilha pra poder indiciá-los e remeter à Justiça pra que houvesse a denúncia e o pedido de prisão, como foi feito. Havia uma série de restrições para atuação lá, que além de atrapalharem a investigação, causaria riscos a integridade da sociedade e dos policiais que atuariam e a gente preferiu atuar com investigação e inteligência", conta o delegado.

Fonte: Diário do Nordeste

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