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Saiba como o calor excessivo altera metabolismo do corpo

As mudanças bruscas de temperatura verificadas nos últimos dias no país alteram muito o metabolismo do corpo humano.

Por Globo Cariri 14/11/2023 às 08:41:10

As mudanças bruscas de temperatura verificadas nos Ășltimos dias no paĂ­s alteram muito o metabolismo do corpo humano. O calor excessivo pode levar à desidratação e provocar queimaduras solares, se a pessoa estiver sem proteção, alertou nesta segunda-feira (13) a médica Marcela Benez, coordenadora do Departamento de Cirurgia e Oncologia da Sociedade Brasileira de Dermatologia do Rio de Janeiro (SBD-RJ).

As queimaduras podem ocorrer em quem estĂĄ exposto diretamente ao sol na face e onde a roupa não cobre. "É importante sempre fazer uso de filtro solar antes de sair de casa, usar roupas mais frescas e fazer reposição de ĂĄgua e outros meios de hidratação ao longo do dia", disse Marcela, em entrevista à AgĂȘncia Brasil.

Sobre o câncer de pele, a médica explicou que ele aparece com o acĂșmulo de fotoexposição ao longo da vida e devido a queimaduras solares. Segundo Marcela, a queimadura feita na infância vai gerando alteração no DNA da célula, e isso vai se acumulando ao longo da vida. "É uma exposição mais prolongada. Não é de imediato, mas vĂĄrias exposições podem ser fator de risco." Com a exposição prolongada ao sol, o câncer de pele pode começar a surgir no adulto jovem e na pessoa idosa. "Tem pessoas com 30 e poucos anos e até com 20 e poucos anos com câncer de pele, resultado de grande exposição ao sol desde crianças. A queimadura solar que faz eritemas e bolhas na pele vai gerando isso no futuro, na idade mais adulta."

Algumas doenças podem ser agravadas pelas temperaturas elevadas, especialmente as fotossensibilizantes, como lĂșpus e a dermatomiosite, que são autoimunes. "São agravadas diretamente pelo sol e pelo calor". Também a dermatite atópica (doença crônica e hereditĂĄria que causa inflamação da pele, levando ao aparecimento de lesões e coceira) pode ficar um pouco descontrolada.

A dermatologista recomendou que as pessoas, diante dessas temperaturas elevadas, façam a fotoproteção, que inclui o uso de chapéus, barracas na praia e piscina, roupas com fator UV de proteção, além do filtro solar, que deve ser passado na pele ainda em casa, antes da exposição ao sol, e reaplicado, em média, duas ou trĂȘs horas depois, que é o tempo de duração na pele. "Com o suor, ou quando a pessoa se molha na piscina ou na praia, o protetor deve ser reaplicado."

Botando para fora

A endocrinologista Ana Cristina Belsito, do Hospital São Vicente de Paulo e membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, enfatizou que, nos casos de calor excessivo, é preciso botar para fora o calor. "A sudorese aumenta nesse perĂ­odo, a pessoa começa a suar mais, e o sódio tende a cair. Os nĂ­veis tensionais [nĂ­veis de pressão arterial] também caem com isso", disse Ana Cristina à AgĂȘncia Brasil.

Outra coisa importante é a possibilidade de deterioração dos alimentos. "Muitas vezes, a conservação dos alimentos não é tão bem-feita nos locais onde se fazem refeições, e isso aumenta o risco de infecções intestinais, como diarreia, que fazem com que as pessoas tenham outros problemas de desidratação."

Além disso, Ana Cristina reiterou a necessidade de tomar cuidado com as roupas. "As vestimentas tĂȘm de ser mais frescas, para eliminar calor, porque nosso organismo fica muito aquecido. E as comidas tĂȘm que ser leves, frescas. Importante a hidratação e a proteção solar também, contra a radiação ultravioleta intensa e queimadura de pele."

A médica reforçou que as pessoas devem se hidratar bem nesse perĂ­odo de calor excessivo e evitar se expor nos horĂĄrios de pico, desempenhando suas atividades em horĂĄrios de temperatura mais amena. "Os sinais que a falta de ĂĄgua no organismo pode gerar incluem prostração, desidratação, dor de cabeça [cefaleia], boca seca, desorientação. "São sinais que alertam que o organismo não estĂĄ bem."

Os hipertensas, que costumam usar diuréticos com frequĂȘncia, devem ficar atentos. O excesso de medicação, quando a pessoa é submetida a uma carga maior de temperatura, faz com que ela perca ĂĄgua. Com essa perda, pode haver um desequilĂ­brio hidroeletrolĂ­tico e, junto com a sudorese, isso pode fazer com que a pressão caia muito, mais do que o normal. Ana Cristina alertou que esse quadro pode levar à desorientação, desidratação e prostração, além de gerar alterações renais devido ao menor aporte de ĂĄgua. A desorientação é o sintoma mais frequente.

Caso a pessoa tenha esses sintomas, a recomendação é procurar um serviço de emergĂȘncia, pronto atendimento, para fazer os exames necessĂĄrios como sódio, potĂĄssio, ureia, creatinina, hemograma. Se necessĂĄrio for, deve ainda medir a pressão. Feitos os exames de urgĂȘncia, o indivĂ­duo é encaminhado ao médico especializado na ĂĄrea do problema que estiver apresentando.

Doenças cardiovasculares

O coordenador assistencial do Instituto Nacional de Cardiologia (INC), Alexandre Rouge, ressaltou que, quando se fala de aumento da temperatura, é preciso entender duas coisas: uma é o aquecimento global, que, no longo prazo, pode estar relacionado ao aumento progressivo das doenças cardiovasculares. JĂĄ hĂĄ, inclusive, um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostrando isso, disse Rouge.

Nos meses mais quentes do ano, o aumento da temperatura, somado à redução da umidade do ar, também aumenta os eventos cardiovasculares. "Para tentar compensar o calor, a gente dilata os vasos e, fazendo isso, tem quedas de pressão e aumento de frequĂȘncia cardĂ­aca, o que favorece o consumo do coração. Aumenta-se o consumo do coração por oxigĂȘnio, e isso pode levar à instabilidade de uma doença que esteja ali quietinha", destacou.

Rouge lembrou que a pessoa sua mais e, aĂ­, acaba se desidratando e perdendo os eletrólitos do sangue (sódio, potĂĄssio), tem menos volume de sangue no organismo, o que também facilita a queda de pressão e o aparecimento de eventos cardiovasculares. "O suor e a queda desses sais favorecem o aparecimento de arritmias, principalmente nos idosos. Então, o aumento da temperatura favorece tanto eventos isquĂȘmicos do coração, que são as anginas e infartos, como eventos de arritmia."

Hidratação o tempo todo é o principal cuidado para evitar problemas cardĂ­acos nos perĂ­odos de altas temperaturas. Se possĂ­vel, a pessoa deve andar com uma garrafinha de ĂĄgua, para não se esquecer da hidratação e evitar atividades fĂ­sicas nos momentos de maior calor. "Não é para parar a atividade fĂ­sica, porque isso também seria ruim, mas não fazer nos horĂĄrios de pico de calor." Quando estiver em ĂĄreas expostas ao sol, a pessoa deve buscar sempre um local mais fresco, ao longo do dia, se possĂ­vel, ambientes refrigerados, como dar uma passada em uma galeria ou shopping center onde possa passar algumas horas em ambiente mais refrigerado, fugindo da onda de calor, acrescentou o cardiologista.

De acordo Rouge, do ponto de vista do coração, a pessoa precisa estar sempre alerta – como deve ser durante todo o ano – para sintomas como dor no peito, desmaios, palpitações. Não hĂĄ, porém, nenhuma recomendação de exame extra a ser feito. "Só estar atento aos sintomas." E procurar o médico, se os sintomas persistirem, a orientação é procurar o médico.

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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