Segundo Dantas, o estrabismo, popularmente conhecido como olho desviado, também figura como um quadro comum na infância e mais fĂĄcil de perceber. "É um sinal de alerta muito importante porque pode haver um problema sério em um dos olhos que precisa de tratamento imediato para evitar outra doença que estamos sempre muito atentos: a ambliopia ou olho preguiçoso."
"Se a criança tem uma deficiĂȘncia em um dos olhos e isso não é detectado a tempo, a falta de tratamento faz com que aquele olho não desenvolva sua capacidade visual e isso só tem solução até os 8 anos de idade. Se não for feito nessa época, essa criança pode se tornar um adulto com uma deficiĂȘncia eterna em um dos olhos. Por causa de diagnóstico e tratamento a tempo."
O oftalmologista destaca que a visão desempenha papel fundamental no processo de aprendizagem e que, quando a criança tem dificuldade para enxergar, pode perder informações importantes em sala de aula, ficar desmotivada ou mesmo apresentar falta de concentração. "Isso pode levar a uma queda no rendimento escolar e, em alguns casos, ser confundido com alguns transtornos de aprendizado ou déficit de atenção".
"Essas crianças também podem ficar estigmatizadas e podem ser vĂtimas de bullying. É algo que pode acontecer. Tudo isso provocado por uma deficiĂȘncia visual. O estrabismo e a ambliopia podem afetar a coordenação visual e ela pode ter muita dificuldade nas prĂĄticas esportivas. Por isso, identificar e tratar precocemente esses problemas é essencial para garantir um aprendizado pleno e sem dificuldades desnecessĂĄrias."
O médico lembra que, muitas vezes, a própria criança não é capaz de perceber que tem um problema de visão, jĂĄ que nunca enxergou as coisas de outra forma. "Para ela, aquela percepção visual é o normal".
Por esse motivo, ele considera fundamental que pais e professores fiquem atentos aos seguintes sinais:
- se aproximar muito de livros, cadernos e telas;
- dificuldade para enxergar o quadro ou copiar conteĂșdos corretamente;
- se queixar frequentemente de dor de cabeça ou cansaço ocular;
- lacrimejamento excessivo ou sensibilidade à luz;
- desinteresse por atividades que exigem esforço visual, como leitura e desenho;
- e tendĂȘncia a piscar excessivamente ou esfregar os olhos com frequĂȘncia.
Ao notar qualquer um desses sinais, a orientação é levar a criança o quanto antes ao oftalmologista para uma avaliação. O ideal, segundo o médico, é que toda criança passe por um exame oftalmológico completo ainda no primeiro ano de vida, quando é possĂvel diagnosticar problemas congĂȘnitos, como catarata, glaucoma e até mesmo o retinoblastoma, câncer que atinge a região dos olhos.
"O diagnóstico tardio pode levar à perda de um olho e, até mesmo, à morte. É um tipo de câncer que, dependendo da fase diagnóstica, pode ter alta letalidade. A partir da idade escolar, o recomendado é manter o acompanhamento anual ou conforme a orientação do oftalmologista, especialmente se houver qualquer histórico de problemas de visão na famĂlia."
Na adolescĂȘncia, segundo Dantas, a rotina de consultas anuais podem ser mantida, mas hĂĄ também a possibilidade de consultas a cada dois anos, a depender da saĂșde ocular do jovem. "Em casos de miopia progressiva que, hoje em dia, estĂĄ cada vez mais comum – a gente vive uma epidemia de miopia –, esse acompanhamento pode ser mais precoce para evitar vĂĄrios problemas futuros".
"A miopia, sem dĂșvida alguma, é um dos problemas que a gente mais tem preocupação porque tem solução e tem tratamento eficiente. Só se consegue um diagnóstico preciso indo ao oftalmologista. A miopia progressiva pode ser controlada com medidas adequadas pra evitar o aumento exagerado do grau. Hoje, temos vĂĄrias orientações, óculos especiais e alguns colĂrios que podem interferir na evolução da miopia", explicou.
"Crianças que enxergam bem tĂȘm melhor desenvolvimento acadĂȘmico e social. Isso evita frustrações e dificuldades no aprendizado. Por isso, o acompanhamento oftalmológico regular é um investimento na saĂșde e no futuro nas crianças. É graças a um bom atendimento nessa fase da vida que a gente vai ter adultos enxergando bem e sem graves problemas."
Fonte: AgĂȘncia Brasil