O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou na última terça-feira (13) que pretende ampliar a faixa de renda contemplada pelo Minha Casa Minha Vida. A ideia é incluir a classe média no programa, possibilitando a entrada de famílias que ganhem até R$ 12 mil mensalmente.
Hoje, o programa dá condições diferenciadas de financiamento imobiliário para famílias residentes urbanas com renda bruta mensal de até R$ 8 mil ou residentes rurais com rendimento anual de até R$ 96 mil.
A ampliação do programa traz perspectivas positivas tanto na acessibilidade a moradia para mais pessoas como no incentivo ao setor de construção civil, que tem passado por dificuldades em meio à alta dos juros.
Ainda não foi divulgado como a possível ampliação ocorreria, em termos de taxas de juros, prazos e investimento do governo. Para aumentar o Minha Casa Minha Vida, o governo terá o desafio de fazer com que o programa caiba no orçamento e no novo arcabouço fiscal.
"O lençol é curto, se puxa de um lado descobre do outro. Vai exigir um exercício do governo sobre a ótica financeira de como alocar esses recursos de forma mais eficiente. Vai ser um desafio para o governo, mas quando o executivo dá essa missão para os ministérios eles vão buscar fazer a alocação mais eficiente possível", coloca o economista e professor de economia e finanças da Unifor Allisson Martins.
Allisson Martins explica que quando o governo realiza um incentivo na parte habitacional, a economia é impactada tanto na ótica da demanda como da oferta. Isso porque tanto a população como a indústria e construção civil são beneficiadas.
"Quando vem um programa bem desenhado que coloque taxas de juros interessantes, baixas, prazos adequados de longo prazo e condições de pagamento atrativas, isso facilita para as pessoas conseguirem adquirir seu imóvel e isso acaba ativando a economia, principalmente para os segmentos da indústria e construção civil", aponta.
Ele destaca que não há ainda como prever quantas pessoas seriam beneficiadas pela ampliação, mas considera que o programa deve passar a englobar imóveis com custos entre R$ 300 e R$ 500 mil.
Além da baixa renda, essa faixa de renda [classe média] precisa de incentivos, porque os juros estão elevados e as condições de crédito atuais estão muito restritivas, os modelos de crédito estão restritivos, com valores de concessão baixos, aprovações mais escassas", diz.
O economista avalia que, caso o programa seja lançado ainda neste ano, ele deve começar com uma oferta de recursos mais baixos, tanto pela questão orçamentária como para uma avaliação de impactos.
O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE), Patriolino Dias, enxerga a ampliação do Minha Casa Minha Vida como algo positivo, mas se preocupa com o caixa do governo para a oferta de subsídios.
Isso foi só uma sinalização, ainda estão estudando. Quando tiver realmente o que vão fazer, vamos analisar. Se tiver realmente um subsídio para rendas maiores, óbvio que vai ter um crescimento da demanda para isso"Patriolino Dias
Presidente do Sinduscon
Segundo ele, as expectativas são positivas para o setor no restante do ano, após um período de crise e incertezas. A redução da taxa Selic é esperada pelo setor para que haja um incremento no mercado imobiliário.
Fonte: Diário do Nordeste